sexta-feira, 27 de junho de 2008

Vaias e aplausos

Publicado na FSP - 06/08/08

O que ocorreu em Bali foi explosão espontânea de frustração com um país que exerce liderança às avessas

AS VAIAS e os aplausos à delegação norte-americana na conferência do clima em Bali apontam para o que está errado no mundo de hoje. Os Estados Unidos foram vaiados pela obstrução ao consenso em tudo, das florestas às metas de redução de gases, passando pela ajuda financeira e tecnológica aos pobres. Quando, no apagar das luzes, decidiram não se opor ao consenso, o alívio fez a sala explodir em aplausos.Em toda minha experiência de conferências da ONU, jamais vi algo parecido: diplomatas não são líderes estudantis e simplesmente não vaiam nunca. O que ocorreu em Bali foi explosão espontânea de frustração com um país que exerce uma liderança às avessas. A liderança positiva é contribuir com paciência para edificar o difícil consenso; a negativa é limitar-se a obstruí-lo. Os Estados Unidos perderam a capacidade de construir consensos. Em parte, devido ao unilateralismo de visão e ação: invasão do Iraque em violação à Carta das Nações Unidas, por exemplo. Em parte, por terem perdido a legitimidade moral em razão dos horrores de Guantánamo e outros sinistros locais de prisão e tortura, direta ou terceirizada. Não sendo mais capaz de fazer os outros partilharem de suas percepções das prioridades internacionais e dos métodos para enfrentá-las, Washington passou a isolar-se numa oposição sistemática ao resto da humanidade. Em contexto diverso, o saudoso embaixador Araújo Castro dizia que o Brasil dos militares, sempre isolado em minoria de dois ou três nas votações da ONU, sofria do "complexo de Greta Garbo": "I want to be alone (eu quero ficar sozinha)". Esse papel pertence agora aos Estados Unidos, em geral solitária voz discordante da unanimidade do universo em favor do Protocolo de Kyoto, do Tribunal Criminal Internacional, do Tratado de Proibição das Minas Antipessoais etc. A exceção americana se faz sentir na natureza das questões e nos métodos de abordá-las. De parte da solução, os Estados Unidos passaram a ser parte substancial dos problemas contemporâneos. Nas negociações comerciais de Genebra, os subsídios ianques se converteram em obstáculo pior que os europeus. No aquecimento global, o obstáculo é duplo. Os americanos não se contentam em serem os principais responsáveis pela questão: são também a pedra maior no caminho da solução. Frustrados com o multilateralismo, que não passa da expressão da democracia em âmbito internacional, os EUA preferem impor seu poder em arranjos com parceiros escolhidos a dedo. Os acordos de livre comércio lhes permitem fazer engolir seus subsídios a países mais débeis, em troca do acesso destes ao mercado ianque. Em clima, organizam reuniões pequenas, como a que o Brasil se apresta a participar, com o objetivo de solapar o processo da ONU. Com isso, desfazem, passo a passo, o sistema político e econômico internacional que eles mesmos haviam criado sob a liderança de Franklin D. Roosevelt no final da Segunda Guerra. Em "The Second Coming", os melhores não têm nenhuma convicção, os piores estão cheios de apaixonada intensidade, as coisas caem aos pedaços e a anarquia se derrama sobre o mundo. Tudo isso, na intuição poética de Yeats, quando "o centro não é mais capaz de sustentar". As eleições norte-americanas serão capazes de produzir uma "segunda vinda", não como na profecia, mas em termos de um centro regenerado e de uma liderança esclarecida?

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Questões - Prova 1º ano - 2º trim. - 2008

1. (0,5) A reportagem trata da recente descoberta de grandes reservas de petróleo na costa brasileira. O anúncio dessas reservas veio acompanhado de grande festa pelo governo e por boa parte da mídia brasileira. Podemos dizer que essas comemorações são embasadas, entre outros fatores:

I - Em campanhas nacionalistas, como a “O Petróleo é nosso!” e defendem que somente a Petrobrás tenha acesso as reservas recém descobertas, alterando o modelo de concessão vigente atualmente.
II – No potencial de riquezas geradas por essas reservas, uma vez que o Brasil passaria a ser exportador de petróleo, e assim ganharia bastante dinheiro.
III – No atrativo econômico dessas reservas, pois com elas o Brasil teria uma espécie de garantia de que não faltaria energia no país, atraindo assim mais investimentos estrangeiros que impulsionariam ainda mais nosso crescimento econômico.

a) Nas afirmativas I e II.
b) Nas afirmativas I e III.
c) nas afirmativas II e III.
d) Em todas afirmativas acima.
e) Em apenas uma das afirmativas acima.

2. (2,5) Em sala de aula vimos que a importância geopolítica de um país se dá, basicamente, por fatores econômicos e militares. Fizemos inclusive uma atividade para analisar o impacto geopolítico das descobertas dessas novas reservas de petróleo para o país. Com base na reportagem acima e em seus conhecimentos responda:

a) Como essas reservas podem trazer benefícios econômicos para o Brasil?

b) Por que a posse de grandes reservas de energia é um fator de destaque na determinação da geopolítica de um país?

3. (0,5) "Observa-se desde a campanha norte-americana no Afeganistão o início de uma nova luta por zonas de influência, que deixam as fronteiras asiáticas sujeitas a pressões em que se misturam interesses das potências regionais (China e Índia), disputas e impasses territoriais, uma miscelânea de “zonas proibidas”, dominadas por cartéis de produtores de drogas e chefes tribais, rotas de comércio intermitentes e, por fim, para embaralhar ainda mais o tabuleiro, a penetração agressiva dos EUA. Como resultado, China e Índia, em comunicado conjunto, manifestaram seu “alarme ante a ação militar americana no Iraque". (Adaptado de "Primeira Leitura", n. 18, ago. 2003.)

Com base no texto e em seus conhecimentos dê a soma das afirmações corretas:
(01) A ação dos EUA no Iraque está ligada a interesses geopolíticos que vão muito além do combate ao terrorismo.
(02) Apesar das novas tecnologias, as disputas geopolíticas contemporâneas são motivadas por fatores geográficos tradicionalmente importantes nas relações internacionais, como a distribuição de recursos naturais, o controle sobre posições estratégicas e as diferenciações nacionais e regionais criadas pela combinação de inúmeros elementos políticos, econômicos e culturais.
(04) A geopolítica mundial continua sendo definida pelos conflitos entre EUA e Rússia, que são as maiores potências nucleares do planeta, pois as potências regionais precisam se aliar a um dos lados em disputa para garantir suas áreas de influência.
(08) A geopolítica atual é marcada pela ascensão de agentes econômicos e políticos que atuam independentemente dos Estados nacionais e são capazes de ameaçar sua segurança e soberania.
(16) O interesse dos EUA em redemocratizar os países do Oriente Médio causa preocupação aos regimes ditatoriais da China e da Índia porque a expansão da democracia pode torná-los diplomaticamente isolados no contexto asiático.


Observe a tabela abaixo com as posições de alguns países a partir de seu IDH.
Fonte: Portal G1.

4. (1,5) Na tabela, é possível observarmos que a Islândia é o país com maior IDH do mundo, ou seja, de acordo com os critérios adotados para medir o Índice de Desenvolvimento Humano das nações é o país com melhor qualidade de vida do mundo.
Em sala de aula vimos que países centrais são aqueles de maior importância geopolítica, enquanto países periféricos são aqueles de menor importância geopolítica. Sabemos que a posição no IDH não reflete a importância geopolítica de um país. Assim a Islândia pode ser considerada um país mais periférico do que muitos outros que aparecem na tabela em posição pior do que a sua. Cite um desses países e explique por que ele é geopoliticamente mais central do que a Islândia mesmo tendo uma qualidade de vida pior do que a sua.

5. (0,5) (Enem- 1998) Os efeitos abomináveis das armas nucleares já foram sentidos pelos japoneses há mais de 50 anos (1945). Vários países têm, isoladamente, capacidade nuclear para comprometer a vida na Terra. Montar o seu sistema de defesa é um direito de todas as nações, mas um ato irresponsável ou um descuido pode desestruturar, pelo medo ou uso, a vida civilizada em vastas regiões. A não-proliferação de armas nucleares é importante.
No 1º domingo de junho de 98, Índia e Paquistão rejeitaram a condenação da ONU, decorrente da explosão de bombas atômicas pelos dois países, a título de teste nuclear e comemoradas com festa, especialmente no Paquistão. O governo paquistanês (país que possui maioria da população muçulmana) considerou que a condenação não levou em conta o motivo da disputa: o território de CAXEMIRA, pelo qual já travaram três guerras desde sua independência (em 1947, do Império Britânico, que tinha o Subcontinente Indiano como colônia). Dois terços da região, de maioria muçulmana, pertencem à Índia e 1/3 ao Paquistão.

Sobre o tempo e os argumentos podemos dizer que:
a) a bomba atômica não existia no mundo antes de o Paquistão existir como país.
b) a força não tem sido usada para tentar resolver os problemas entre Paquistão e Índia.
c) Caxemira tornou-se um país independente em 1947.
d) os governos da Índia e Paquistão encontram-se numa perigosa escalada de solução de problemas pela força.
e) diferentemente do século anterior, no início do século XX, o Império Britânico não tinha mais expressão mundial.


6. (0,5) As reportagens mostram que as causas dos terremotos ocorridos em São Paulo e na China são diferentes, e isso ocorre por que:

a) A região do epicentro do terremoto chinês fica numa falha geológica, ou seja, no encontro de duas placas tectônicas, enquanto o epicentro do terremoto em São Paulo ocorreu longe de uma dessas falhas.
b) Os cientistas brasileiros ainda não sabem o que causou o terremoto no Brasil e os chineses já descobriram a causa de seu terremoto, ou seja, eles podem ter a mesma causa, mas ainda não sabemos.
c) Na verdade nenhum terremoto tem a mesma causa, eles são sempre diferentes entre si, embora seus efeitos sejam muito parecidos.
d) O terremoto em São Paulo foi sentido por poucas pessoas e não houve mortos, enquanto na China houveram milhares de mortos.
e) NDA

7. (Ufsc - alterada) (0,5) Leia atentamente e observe o mapa a seguir:
21 de Maio de 2003: um terremoto de 7,6 graus na escala Richter atingiu Boumerdes, a 50 quilômetros da capital Argel, na Argélia, matando cerca de 2000 pessoas e ferindo aproximadamente 7000.
29 de Maio de 2003: comemorado o cinqüentenário da chegada ao topo do Everest, a montanha mais alta do mundo, localizada entre o Nepal e o Tibet, na cordilheira do Himalaia, pelo neozelandês Edmund Hillary e o nepalês Tenzing Norgay.

MAPA DAS PLACAS TECTÔNICAS
Fonte: ANTUNES, Celso. "Aprendendo com mapas". São Paulo: Scipione [s.d.].

1 - Placa do Pacífico
2 - Placa de Cocos
3 - Placa de Nazca
4 - Placa das Caraíbas
5 - Placa Sul-Americana
6 - Placa Norte-Americana
7 - Placa Africana
8 - Placa Arábica
9 - Placa Indo-Australiana
10 - Placa Antártica
11 - Placa Filipina
12 - Placa Eurasiana

Considerando os acontecimentos acima, o mapa das placas tectônicas e os conhecimentos sobre a dinâmica terrestre, podemos dizer que estão corretas as afirmações:

I - O território brasileiro apresenta como principal característica o predomínio da ação dos agentes internos da dinâmica terrestre, cuja maior conseqüência é a presença maciça de dobramentos modernos.
II - O tectonismo, os abalos sísmicos e o vulcanismo são agentes internos do relevo, sendo que os dois últimos constituem fenômenos que, dependendo da intensidade e do local onde ocorrem, trazem graves conseqüências à vida das pessoas, como aconteceu na Argélia.
III - A área onde se encontra o Everest e aquela onde está localizada a Argélia situam-se em regiões de placas tectônicas nas quais os abalos sísmicos, o tectonismo e o vulcanismo são freqüentes.
IV - A instabilidade dos terrenos nas bordas das placas tectônicas é resultado da ação de forças internas cujos reflexos, alguns lentos e outros rápidos e catastróficos, são sentidos na superfície do planeta.

a) Apenas as I, II e III.
b) Apenas as II, III e IV.
c) Apenas a I, III e IV.
d) Apenas a II e IV.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

8. (0,5) Em fevereiro do ano de 2004, o jornal "Folha de S. Paulo", na sua versão on line, ao tratar de um abalo sísmico ocorrido no subcontinente indiano, fez a seguinte abordagem:

"O violento terremoto que ocorreu hoje a noroeste da Índia é uma nova manifestação de um fenômeno que teve início há 40 milhões de anos, o lento avanço da Índia em direção ao continente asiático, que 'enrugou' a crosta terrestre dando origem ao maciço do Himalaia.
A Índia, que um dia esteve separada da Ásia, entrou em colisão com o continente, empurrando e deformando a crosta terrestre numa extensão do Himalaia até a Sibéria e do mar de Aral até o Pacífico.
Deste modo, o subcontinente age como uma escavadora, que entra constantemente no continente asiático à velocidade de vários centímetros por ano. O principal resultado desse fenômeno de compressão foi o nascimento dos únicos picos do mundo que superam os 8.000 metros de altitude."

A respeito, julgue as afirmativas a seguir.
I. A violência do terremoto ocorrido se explica pela atuação das monções de verão nessa porção meridional da Ásia.
II. A formação do Himalaia se explica pela tectônica de placas, em que o planeta como um todo tende a retomar permanentemente um estado de equilíbrio de compensação de pressões, isto é, isostático.
III. Do ponto de vista da escala geológica de tempo, o processo de formação do Himalaia é um fato recente, que se insere na Era Cenozóica.
IV. Embora a Ásia possua o ponto culminante do planeta, o Pico Everest (8.848 m), a Antártida é o continente de maior altitude média, fato que também contribui para as baixas temperaturas locais.

Assinale, considerando as FALSAS:
a) apenas III e IV
b) todas
c) apenas II e IV
d) apenas I e II
e) apenas I e III

9. (1,5) Apesar do terremoto registrado recentemente e abordado na reportagem acima, o Brasil é um país que dificilmente sofre com esse tipo de catástrofe, assim como não temos também vulcões ativos em nosso território. Tais fatos podem facilmente ser explicados pela Teoria das Placas Tectônicas. Por que, essa Teoria ajuda a entender o fato de o Brasil praticamente não sofrer em seu território com terremotos e erupções vulcânicas?

10. (1,0) Além de fatores internos como vulcanismo e as placas tectônicas, o relevo terrestre também é moldado por agentes externos. Cite dois desses agentes e explique como eles agem para alterar e moldar o relevo.

11. (0,5) Levando em consideração a figura a seguir e os seus conhecimentos sobre terremotos, leia atentamente as proposições e assinale V (verdadeiro) ou F (falso):

( ) Os tsunamis são ondas gigantes ocasionadas pelo deslizamento costeiro ou marítimo, ou por erupções vulcânicas. No ano de 2004, foi registrado no Oceano Índico alto índice de mortes provocado por esse fenômeno.
( ) Os terremotos são vibrações das camadas da crosta da Terra produzidas pelo tremor e oriundas de fenômenos tectônicos ou vulcânicos. Esses fenômenos ocorrem quando as placas tectônicas entram em processo de choque ou acomodação.
( ) As vibrações causadas pelos terremotos são produzidas por ondas longitudinais e transversais, podendo ser consideradas fracas aquelas que não são notadas pelo homem, sendo, porém, registradas pelos sismógrafos.
( ) O alto risco de incidência de terremotos no Japão dá-se pela sua localização em uma região de encontro de placas tectônicas continentais e oceânicas e pelo fato de a região conter várias falhas geológicas, além de inúmeros vulcões.
( ) Se comparados aos que ocorrem no Japão e na Califórnia, os abalos sísmicos no Brasil são de menor intensidade; esse fenômeno pode ser explicado pela situação geológica do país, que dificulta ocorrências de maior proporção.

Marque a alternativa CORRETA:

a) V, V, V, V, V
b) V, F, V, F, V
c) V, V, V, V, F
d) F, V, F, V, F
e) V, V, V, F, F

Questões - Prova 2º ano - 2º trim. - 2008

1. (0,5) A reportagem mostra que os moradores dos países latino americanos tem resistência quanto a entrada de migrantes em seus territórios, no entanto, é da América Latina que provém 10% dos imigrantes do mundo. O fato de ter uma participação tão expressiva dos imigrantes do mundo pode ser explicado, entre outros fatores:

I- Pelo parco desenvolvimento econômico da região que estimula seus moradores a irem buscar trabalho e melhores condições de vida em outros países, inclusive países da própria América Latina que tenham melhores condições de vida.
II- Pelas catástrofes que assolaram a região na década de 80 como os terremotos do México e do Chile que produziram milhões de refugiados.
III – Por seus laços com suas antigas metrópoles européias que costumam facilitar a entrada de parentes dos antigos colonizadores

Está correto o que se afirma nas proposições:

a) Apenas a I e a II.
b) Apenas a I e a III.
c) Apenas a II e a III.
d) Em todas as afirmações
e) Em apenas uma das afirmações.

2. (1,5) Apesar da pequena aceitação de imigrantes em seu território, os países latino americanos receberam muitos migrantes ao longo de sua história, migrantes esses que contribuíram para o desenvolvimento da região. Explique como a migração é capaz de produzir desenvolvimento e crescimento econômico para uma região.

3. (1,5) Os países africanos são aqueles que possuem os mais altos índices de pobreza e de natalidade. Vimos que estas duas características estão bem relacionadas, de forma que nesse ponto malthusianos e anti-malthusianos concordam. As explicações que estes grupos dariam para a situação africana,porém são bem distintas. Como malthusianos e anti-malthusianos explicariam a situação africana e a relação entre pobreza e natalidade?

4. (0,5) (Enem -1999) Qual dos "slogans" a seguir poderia ser utilizado para defender o ponto de vista (neo)malthusiano?
a) "Controle populacional - nosso passaporte para o desenvolvimento"
b) "Sem reformas sociais o país se reproduz e não produz"
c) "População abundante, país forte!"
d) "O crescimento gera fraternidade e riqueza para todos"
e) "Justiça social, sinônimo de desenvolvimento"

5. (0,5) (Enem-1999) Qual dos "slogans" a seguir poderia ser utilizado para defender o ponto de vista dos reformistas ou anti-malthusianos?
a) "Controle populacional já, ou país não resistirá."
b) "Com saúde e educação, o planejamento familiar virá por opção!"
c) "População controlada, país rico!"
d) "Basta mais gente, que o país vai pra frente!"
e) "População menor, educação melhor!"

6. (0,5) (Enem-2001) De acordo com reportagem sobre resultados recentes de estudos populacionais,

"... a população mundial deverá ser de 9,3 bilhões de pessoas em 2050. Ou seja, será 50% maior que os 6,1 bilhões de meados do ano 2000. (...) Essas são as principais conclusões do relatório Perspectivas da População Mundial - Revisão 2000, preparado pela Organização das Nações Unidas (ONU). (...) Apenas seis países respondem por quase metade desse aumento: Índia (21%), China (12%), Paquistão (5%), Nigéria (4%), Bangladesh (4%) e Indonésia (3%).
Esses elevados índices de expansão contrastam com os dos países mais desenvolvidos. Em 2000, por exemplo, a população da União Européia teve um aumento de 343 mil pessoas, enquanto a Índia alcançou esse mesmo crescimento na primeira semana de 2001. (...)
Os Estados Unidos serão uma exceção no grupo dos países desenvolvidos. O país se tornará o único desenvolvido entre os 20 mais populosos do mundo."
"O Estado de S. Paulo", 3 de março de 2001.

Considerando as causas determinantes de crescimento populacional, pode-se afirmar que,
a) na Europa, altas taxas de crescimento vegetativo explicam o seu crescimento populacional em 2000.
b) nos países citados, baixas taxas de mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida são as responsáveis pela tendência de crescimento populacional.
c) nos Estados Unidos, a atração migratória representa um importante fator que poderá colocá-lo entre os países mais populosos do mundo.
d) nos países citados, altos índices de desenvolvimento humano explicam suas altas taxas de natalidade.
e) nos países asiáticos e africanos, as condições de vida favorecem a reprodução humana.


7. (1,5) (FUVEST- alterada) Com base nas pirâmides etárias brasileiras de 1960 e 2000 explique quais as mudanças estruturais (base; centro; topo) destas pirâmides que indicam melhora na qualidade de vida no Brasil nos últimos quarenta anos. Justifique sua resposta.

8. (0,5) A reportagem mostra que a economia brasileira vem se diversificando e desconcentrando. Dessa forma, o estado de São Paulo, que chegou a ser responsável por mais de 1/3 do PIB nacional vem perdendo espaço principalmente para os estados das regiões norte e nordeste. Tal desconcentração se deve a uma complexa gama de fatores entre os quais podemos destacar o que se afirma:

I- A redução dos fluxos migratórios do norte e nordeste para São Paulo, fazendo com que o mercado consumidor da região se tornasse mais atrativo e funcionando como fator capaz de trazer indústrias para a região.
II – Os programas de transferência de renda que aumentaram o poder de consumo dessas regiões incrementando seu mercado consumidor
III- As migrações européias e japonesas para essas regiões que levaram mão-de-obra qualificada e mercado consumidor para regiões carentes desses dois elementos.

a) Nas proposições I e II.
b) Nas proposições I e III.
c) Nas proposições II e III.
d) Em todas as proposições.
e) Em apenas uma das proposições.

9. (0,5) Além de perder importância no PIB, o estado de São Paulo também assistiu nos últimos anos a uma mudança no perfil econômico de sua principal cidade, a capital São Paulo. Nossa cidade vem deixando de ser uma cidade industrial e passando a ser um pólo fornecedor de serviços. Dentre os fatores que fizeram com que a cidade de São Paulo passasse a ter comparativamente mais serviços e menos indústrias podemos citar:

I- A carga de impostos que é maior na capital, estimulando as grandes indústrias a buscarem outros centros.
II – A retração da economia paulista, que como parou de crescer aumentou o desemprego e levou muitos trabalhadores para a informalidade que é típica de atividades do setor primário e terciário, não do secundário.
III – A superlotação da cidade de São Paulo, de forma que praticamente inviabilizava a construção de mais indústrias.

a) Apenas a I e a II.
b) Apenas a I e a III.
c) Apenas a II e a III.
d) Apenas uma das afirmações acima.
e) Todas as afirmações acima.

10. (0,5) (Ufscar) Há aproximadamente trezentos anos, em torno de 90% dos trabalhadores cultivavam as terras para alimentar uma população muito menor que a atual, enquanto, hoje, a proporção de pessoas que trabalham na terra nos países desenvolvidos diminuiu para cerca de 10% e, em alguns casos, para bem menos que isso. Com base nos dados apresentados e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta:

a) O baixo percentual de mão‑de‑obra empregada no setor primário é um fato exclusivo dos países desenvolvidos e industrializados.
b) Em função do intenso desenvolvimento industrial e tecnológico e da capacitação dos trabalhadores, os países desenvolvidos não sofrem, hoje, com o problema do desemprego, seja no campo ou na cidade.
c) Os países subdesenvolvidos mantêm as características de baixo nível de qualidade de vida da população por não haverem ainda se tornado países industrializados.
d) Entre os países desenvolvidos, a mecanização do campo, reduzindo a população nele empregada, acarretou uma diminuição no total das áreas de terras cultivadas, mas, no entanto, aumentou a produtividade.
e) Esta imensa diminuição da mão de obra do setor primário deve-se principalmente a industrialização e por isso esta intimamente ligada com a melhoria da qualidade de vida.

11. (1,5) Vimos em sala de aula que o inchaço do setor terciário é fenômeno típico de países com alto grau de industrialização e desenvolvimento. Vimos também que o Brasil é um país que possui um setor terciário inchado, embora saibamos que nosso país não é, infelizmente, exemplo de desenvolvimento. Assim por que o Brasil tem o setor terciário inchado e por que isso não faz com que sejamos desenvolvidos?

12. (0,5) (Puc-rj) "O governo francês irá pagar uma licença de 750 euros (cerca de R$ 2.050,00) por mês, durante um ano, a famílias que decidirem ter um terceiro filho, anunciou ontem o primeiro-ministro do país, Dominique de Villepin."
("Folha de S. Paulo", 23.09.2005)

A reportagem acima ilustra uma política cada vez mais comum entre os países europeus. As alternativas abaixo contém possíveis causas que motivam a adoção de tais medidas, EXCETO:
a) as baixas taxas de natalidade de muitos países europeus.
b) as altas taxas de mortalidade européias, que resultam na diminuição da PEA - população economicamente ativa.
c) a tentativa de evitar que num futuro a médio prazo a população nativa possa tornar-se minoritáriadiante da população imigrante - cujas taxas decrescimento vegetativo são bem mais altas.
d) o impacto que a diminuição da mão de obra ativa está causando ao sistema previdenciário europeu.
e) a difícil tarefa dos dirigentes da União Européia em administrar a necessidade de manuntenção de um fluxo controlado de movimentos populacionais horizontais ao mesmo tempo em que tenta reprimir o aumento da xenofobia.

Questões - Prova 3º ano - 2º trim. - 2008

1. O texto acima explica resumidamente o que é o Consenso de Washington. As idéias defendidas por seus adeptos, como mostra a reportagem foram chamadas de neoliberais. Sobre essas idéias é incorreto afirmar que:

a) defendem que a participação do Estado deve se restringir a serviços básicos e sobrtudo defesa da propriedade privada, defesa do território e manutenção de um ambiente econômico competitivo.
b) tem íntima relação com as privatizações ocorridas no Brasil e em vários outros países do mundo, uma vez que acabavam por diminuir a ação direta do Estado na economia.
c) sua força se relaciona com o fim dos Estados socialistas e a diminuição do poder dos sindicatos no mundo todo.
d) de forma distinta dos estados intervencionistas também buscam alcançar o pleno emprego e o desenvolvimento econômico.
e) NDA
Vimos em sala de aula que o Consenso de Washington está inserido em um contexto de retorno das idéias liberais. Pudemos perceber que o embate entre liberalismo e intervencionismo marcou o debate no século XX e teve, entre os que defendiam o capitalismo duas principais vertentes: o liberalismo e a social-democracia. Durante o trimestre procuramos trabalhar as duas correntes como formas distintas de se pensar a sociedade e buscar o desenvolvimento. Pensando nisso, responda:

2. (1,5) Usando argumentos liberais, como menor participação do Estado na economia pode produzir mais emprego e crescimento econômico para toda a população?

3. (1,5) Usando argumentos social-democratas, como uma maior intervenção do Estado na economia pode produzir mais emprego e crescimento econômico para toda a população?

4. (0,5)(Enem-1998) As diferentes formas em que as sociedades se organizam socioeconomicamente visam a atender suas necessidades para a época. O liberalismo, atualmente, assume papel crescente, com os Estados diminuindo sua atuação em várias áreas, inclusive vendendo empresas estatais. Da idéia de interferência estatal na economia, do "Estado de Bem-Estar", da assistência social ampla e emprego garantido por lei, e, às vezes, à custa de subsídios (na Europa defendido pela Social-Democracia), caminha-se para um Estado enxuto e ágil, onde a manutenção do progresso econômico e uma maior liberdade na conquista do mercado são as formas de assegurar ao cidadão o acesso ao bem-estar. Nem sempre a população concorda.
Neste contexto, as eleições gerais na Alemanha, em 1998, poderão levar Helmuth Kohl, com longa e frutuosa carreira à frente daquele país, a entregar o posto ao social-democrata Gerhard Schroeder. O desemprego na Alemanha atinge seu ponto máximo. A moeda única européia será o fim do marco alemão. A imagem de Helmuth Kohl começa a desvanecer-se. Conseguirá vencer este ano? Seja como for, ele luta. Mas recebeu um novo e tremendo golpe: o Partido Liberal (FDP) deixou Kohl. O secretário-geral do FDP, Guido Westerwelle, declarou: Começou o fim da era Kohl!

A Alemanha ajuda a concretizar o bloco econômico da União Européia. A participação neste bloco implica a adoção de um sistema socioeconômico que:
a) dificulte a livre iniciativa econômica, inclusive das grandes empresas na Alemanha.
b) ofereça mercado europeu mais restrito aos produtos e serviços alemães.
c) diminua as oportunidades de iniciativa econômica para os alemães em outros países e vice-versa.
d) garanta o emprego, na Alemanha, pelo afastamento da concorrência de outros países da própria União Européia.
e) por meio da união de esforços com os países da União Européia, permita à economia alemã concorrer em melhores condições com países de fora da União Européia.

5. (0,5) (UFRJ) Leia o texto que menciona a ação do Estado na economia.

Os argumentos favoráveis à reforma do Estado podem ser resumidos nos seguintes termos: com a crescente globalização da produção, da circulação de mercadorias, dos padrões de consumo e do sistema financeiro, alega-se que o desenvolvimento socioeconômico não pode mais ser pensado a partir da dimensão nacional, menos ainda a partir de uma estrutura burocrática estatal.
OLIVA, J.; GIANSANTI, R. "Temas da Geografia do Brasil". São Paulo: Atual, 1999. p. 55.



A partir da argumentação apresentada no texto, o desenvolvimento socioeconômico deve ser estruturado em função do:

a) mercado e da integração econômica mundial.
b) interesse social e da economia local.
c) poder econômico local e do consumo nacional.
d) interesse estatal e das preocupações sociais.
e) interesse do capital e do governo nacional.

6. (0,5) Antes da atual ascensão do capitalismo, o mundo viveu sob a Ordem Mundial da Guerra Fria. Durante este período, as idéias liberais estavam em crise e as experiências intervencionistas dominavam o planeta. Sobre este período e suas características podemos dizer que estão corretas as afirmações:

I – Nos países capitalistas as experiências intervencionistas foram desde as ditaduras militares até os Estados do Bem-Estar-Social, todos em maior ou menor grau, se relacionavam com a tentativa de brecar os avanços socialistas.
II – Embora defendesse o capitalismo, a social-democracia defendia forte atuação do estado na economia como forma de amenizar os desequilíbrios e desigualdades inerentes ao sistema.
III – As lutas dos trabalhadores diminuíram bastante neste período, pois o Estado já lhes garantia os direitos pelos quais haviam lutado.

a) Apenas a I e a II.
b) Apenas a I e a III
c) Apenas a II e a III.
d) Todas as alternativas estão corretas
e) NDA

7. (1,5) Foram as idéias do “socialismo científico” defendidos por Marx que inspiraram a Revolução Russa e marcaram o duelo político-ideológico da Ordem Mundial da Guerra Fria. Neste período, capitalistas e socialistas julgavam-se os verdadeiros defensores da Liberdade e da Justiça. Explique sucintamente como cada lado argumentava ser o seu sistema o que promovia a verdadeira justiça e liberdade.

8. (0,5)(UFMG) O quadro de paz e estabilidade que se previa ao final da Guerra Fria parece, ainda, longe de ser alcançado nestes primeiros anos do século XXI. Considerando-se essa situação, é INCORRETO afirmar que
a) a vitalidade expressiva do crescimento de algumas economias não-ocidentais, em face às atuais potências mundiais, tem interferido nas relações de força que imperam na política internacional.
b) o desarmamento mundial, que ultrapassou as propostas originais para esse processo, tornou vulneráveis os países considerados esteios da segurança internacional.
c) o fim de uma ameaça global, representada pela disputa entre capitalismo e socialismo, abriu espaço para múltiplos conflitos de motivação étnico-religiosa e de nacionalidades.
d) o notável crescimento demográfico de populações muçulmanas vem constituindo um contingente numeroso, geograficamente disperso, que abriga valores divergentes da civilização ocidental.
e) NDA



9. (0,5) De modo geral, o período de 1965 a 1973, tornou cada vez mais evidente a incapacidade do fordismo e do keynesianismo de conter as contradições inerentes ao capitalismo. Essas dificuldades podem ser apreendidas por uma palavra: rigidez. Rigidez dos investimentos de capital fixo de larga escala e de longo prazo em sistemas de produção em massa; rigidez nos mercados, na alocação e nos contratos de trabalho; rigidez dos compromissos do Estado. Por isso mesmo a nova ordem era flexibilizar.(Adaptado de David Harvey in "Condição Pós-Moderna".)
Assinale a alternativa que não indica corretamente o que foi flexibilizado.
a) A localização dos processos produtivos.
b) Os estoques de matérias-primas e de produtos acabados.
c) O controle das grandes sobre as pequenas e médias empresas.
d) Os produtos e os padrões de consumo.
e) Os processos e os contratos de trabalho.

10. (0,5) (Puccamp) Os anos 90 foram marcados por inúmeras transformações na geopolítica mundial. Dentre elas destacam-se:
I. Fim da Guerra Fria.
II. Ampliação da globalização econômica.
III. Maior disputa geopolítica-ideológica entre Leste-Oeste.
IV. Consolidação de uma política capaz de atender às demandas sociais e as do capital transnacional.
V. Divisão dos países entre Primeiro, Segundo e Terceiro Mundos.

Está correto SOMENTE o que se afirma em
a) I, II e III.
b) I, II e V.
c) I e II.
d) III e IV.
e) IV e V.

11. (1,5) Conforme estudamos em sala de aula, o liberalismo voltou a fazer sucesso e a ser adotado a partir da década de 70. Porém, foi com o fim da Guerra Fria que a nova onda liberal tomou conta do planeta. É o chamado (neo)liberalismo. No Brasil e em vários outros países do mundo, uma série de privatizações marcou esta década. Como as privatizações se encaixam na política (neo)liberal?

12. (0,5) A Ordem Mundial da Revolução Industrial, como todas as Ordens Mundiais, possuía características geopolíticas próprias que nos permitem, inclusive, nomeá-la como tal. Podemos afirmar que são fatores típicos desta época todas as alternativas abaixo exceto:

a) A multipolaridade tendo como nações mais influentes as potências européias e não os EUA, como ocorre hoje.
b) Uma produção de mercadorias bem dividida, com as nações imperialistas européias concentrando industrialização, e os países da América Latina, África e Ásia, responsáveis pelo fornecimento de matéria-prima.
c) Um crescimento contínuo de nacionalismos, principalmente na Europa, o que ajudou a criar o ambiente da I Guerra Mundial.
d) A forte industrialização de quase todas as partes do mundo, de forma que, embora EUA e Europa se industrializaram mais, mesmo o Brasil montou um dinâmico parque industrial.
e) NDA

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Gabarito 3º ano – 2º trim. 2008

1. D

2. A menor participação do Estado na economia e a conseqüente diminuição de impostos e tarifas libera investimentos e aumenta o consumo (pois as pessoas passam a ter mais dinheiro), e com isso a economia cresce mais, uma vez que mais consumo gera mais necessidade de produção, daí mais oferta de emprego e mais consumo. Além disso, sem o Estado há mais competitividade e produtividade fazendo com que a população tenha acesso a produtos melhores e mais baratos em todo o mundo.

3. O Estado precisa participar ativamente da economia para garantir a todos condições mínimas de se inserirem no mercado seja como mão-de-obra, seja como mercado consumidor. Como o mercado capitalista passa por crises, convive com o desemprego e tende a substituir os empregados com idade avançada, cabe ao estado garantir renda aos desempregados e aos idosos (aposentados). Com isso ele ainda incentiva o ciclo de crescimento econômico, pois aumenta o consumo, gerando mais necessidade de produção, mais empregos, etc.

4. E

5. A

6. A

7. Socialistas: A liberdade só pode ser exercida por aqueles que não são obrigados a vender sua força de trabalho e a serem explorados. No capitalismo não há outra alternativa para os trabalhadores. Além disso, não é justo que uma pessoa tenha mais acesso a mercadorias do que outras, ainda mais quando uma trabalha mais do que a outra. No capitalismo, burgueses que nem trabalham muitas vezes ganham muito mais que trabalhadores explorados que trabalham a semana inteira, isso não é justo.
Capitalistas: Injusto é que todos ganhem a mesma coisa independente de seus méritos do que fizeram para conseguir suas riquezas, ou que nem mesmo possam aproveitá-las e garantir um futuro para seus filhos, como no socialismo. Além disso como pode ser livre uma sociedade onde o sujeito não tem sequer o direito de ter uma propriedade privada conseguida com seu trabalho?

8. B

9. C

10. C

11. O liberalismo defende que o estado participe o menos possível da economia. Após uma época de intervencionismo estatal forte, os Estados no geral possuíam muitas empresas. Nada mais coerente que a volta do liberalismo defendesse que o estado vendesse essas empresas para o capital privado, incentivasse a concorrência e se limitasse a garantir um ambiente competitivo onde, segundo os liberais, todos saem ganhando.

12. D

Gabarito 2º ano - 2º trim. 2008

1. E

2. Os migrantes ao chegarem a uma região normalmente vão à procura de trabalho. Dessa forma já se transformam em mão-de-obra. Quando conseguem alguma renda (por menor que seja) também se tornam mercado consumidor. Ao aumentarem a mão-de-obra e o mercado consumidor de uma região ajudam a aumentar a riqueza produzida e incentivam o ciclo de crescimento econômico, uma vez que com mais consumo temos necessidade de uma maior produção, que por sua vez para ser alcançada precisa de mais mão-de-obra, que uma vez empregada aumenta o consumo e a necessidade de produção...

3. Malthusianos: Por terem muitos filhos é que os africanos são pobres. Assim, não conseguem garantir a eles condições de superar a pobreza, pois os filhos têm que trabalhar cedo, não estudam, continuam pobres e têm muitos filhos, perpetuando o ciclo de pobreza.
Anti-Malthusianos: Por serem pobres os africanos têm muitos filhos. Enquanto não for garantido a eles condições mínimas de sustento, informação e possibilidades de crescimento profissional eles continuarão a ter muitos filhos.

4. A

5. B

6. C

7. A base: ficou mais estreita o que indica que a taxa de natalidade diminuiu. Nascendo menos crianças a base fica menor; não afunila mais constantemente, indicando que a mortalidade infantil também diminuiu, pois como morrem menos crianças não há um contínuo estreitamento da base.
O centro: ocupa uma parte maior do total da pirâmide indicando que o número de adultos cresceu proporcionalmente, ou seja, a PEA está mais numerosa.
O topo: Alargou-se consideravelmente, o que indica que o número de idosos cresceu muito. Houve um envelhecimento da população e consequentemente um aumento da expectativa de vida.
Tudo isso indica que há mais acesso à saúde, saneamento básico e a informação do que antes, todos fatores que permitem concluir que a qualidade de vida melhorou.

8. A

9. D

10. E

11. Porque para ser um país desenvolvido o país precisa ter melhores índices de renda, saúde, educação, desigualdade social, etc. Apesar disso, o Brasil tem um setor terciário inchado, pois é um país industrializado. Assim, há muitas máquinas que substituem trabalhadores nos três setores da economia. Por ser o setor de serviços e possibilitar uma série de atividades geradoras de renda mesmo para trabalhadores sem especialização, o setor terciário de países industrializados é sempre mais inchado.

12. B

Gabarito 1º ano - 2º trim. 2008

1. C

2a. De várias formas. A mais direta delas é com a exportação do petróleo excedente. Além disso, podemos destacar também que se essas novas reservas tiverem o potencial de produção anunciado, o Brasil passaria a ter uma oferta de energia que poderia atrair mais indústrias e outros tipos de investimentos para o país, pois os investidores teriam garantia de energia. Com esses investimentos teríamos mais produção e mais emprego, aumentando a economia do Brasil.

2b. Possuindo grandes reservas de energia e até se tornando exportador, o país passa a vender um tipo especial de mercadoria, pois qualquer mercadoria em nossa sociedade industrializada consome energia em alguma etapa de seu processo de produção. Ou seja, a produção de riqueza de qualquer país do mundo depende da oferta de energia. Portanto, além dos benefícios econômicos a posse de recursos energéticos confere ao país uma importância estratégica, aumentando seu poder geopolítico.

3. 11 (1+2+8)

4. EUA. Porque tem uma economia muito maior (a maior do mundo), o exército mais poderoso do mundo, e uma cultura muito mais influente que a cultura islandesa. Isso faz com que os EUA tenham uma influência muito maior nas decisões e mesmo no futuro do planeta do que a Islândia. Sua força (econômica e política) garante a ele o poder de influenciar os outros seja com “argumentos” econômicos ou militares.

5. D

Parte II

6. A

7. B

8. D

9. Porque, pela Teoria da tectônica de placas, é no encontro entre as placas que ocorrem mais e os maiores terremotos, bem como é próximo aos seus limites que a atividade vulcânica é mais intensa. As fraturas entre as placas facilitam a saída do magma bem como pode causar tremores mais intensos, devido à movimentação das próprias placas.

10. Água e vento. Os dois agentes moldam o relevo por conta do atrito de seus movimentos (intemperismo físico) e da ação química causada pelo contato com o relevo. Sua composição química diferenciada entra em contato com uma parte do relevo e com o passar dos anos pode modificá-lo.

11. A

O novo poder

Sociólogo alemão diz que as ideologias acabarame que o Estado, a liberdade de mercado e as ONGs vão formar a nova ordem social


Publicada na Veja 08/04/98.

Professor da Universidade Humboldt, em Berlim, o sociólogo alemão Claus Offe, de 58 anos, é uma voz destoante entre os cientistas sociais. Acredita que a era das ideologias terminou, que a diminuição exagerada do Estado pode ser um risco para a democracia e que está em curso uma gigantesca reforma nas relações do cidadão com o governo. Ao lado do Estado e do mercado, entidades comunitárias como as ONGs e as igrejas vão formar uma nova ordem social. Na semana passada, Offe defendeu suas teses num seminário, em São Paulo, sobre a reforma do Estado. Foi aplaudidíssimo por uma platéia de sociólogos e economistas. Depois da palestra, jantou com o presidente Fernando Henrique Cardoso na casa do ministro Luiz Carlos Bresser Pereira. Casado, pai de duas filhas, Offe gosta de música clássica e de pescarias. "Mas infelizmente tenho pouco tempo para o lazer", lamenta. Depois de um roteiro que incluiu aulas na Austrália e no Chile e antes do retorno a Berlim, Offe deu a seguinte entrevista a VEJA:


Veja — Existe tamanho certo para o Estado?
Offe — A melhor resposta para essa pergunta é "não sei". Não há solução padrão para todos os países. Mas uma coisa é certa: as atribuições do Estado, o seu poder na vida cotidiana, não devem ser decididos por cientistas sociais, economistas ou burocratas do governo. Quem deve decidir isso são os cidadãos.


Veja — Mas existe então um tamanho errado para o Estado?
Offe — Sim, pode-se dizer que a experiência já demonstrou alternativas ruins. Veja o caso do Estado mínimo. Durante o governo da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher, seus assessores econômicos afirmavam que a única opção de eficiência era a redução drástica do tamanho do Estado. Eles chegaram a criar uma sigla, Tina (Não Há Alternativa). Isso é um erro.


Veja — Por quê?
Offe — A diminuição do Estado pela diminuição do Estado é um dogma assim como a defesa cega do estatismo. Um Estado bom não é um Estado pequeno, mas aquele que atende com mais eficiência aos anseios dos cidadãos.


Veja — No Brasil, durante anos o governo foi responsável por atividades como a produção de vagões de trem, aviões, aço, petroquímicos e até gerenciou hotéis e fazendas. Quando o senhor ataca a redução do Estado, não está defendendo um Estado grandalhão?
Offe — De forma alguma. Há vários sintomas do mau funcionamento de um Estado gigante, como a demora em se renovar, a corrupção e a proteção dos interesses corporativos dos servidores públicos em detrimento dos contribuintes.


Veja — Países desenvolvidos resolveram a questão do tamanho do Estado de forma diferente. Nos Estados Unidos, o Estado não oferece amplo serviço de saúde, mas pode fiscalizar a atividade do setor privado. Na Dinamarca, como em outros países europeus, o Estado tem fortíssima atuação nos serviços sociais e ainda participa da economia. O que há de similar nessas duas experiências?
Offe — Não é a cultura que determina essas diferenças, mas a estrutura das suas instituições. Na situação excepcional do pós-guerra, os governos britânicos, tanto do Partido Trabalhista quanto do Conservador, reconstruíram o sistema de saúde. Isso gerou uma expectativa que passou de geração para geração sobre o papel do Estado. Os cidadãos saíam de casa sabendo que tinham onde se amparar caso acontecesse alguma coisa. Já nos Estados Unidos isso nunca ocorreu, porque as instituições são baseadas no federalismo, que torna quase impossível a existência de um sistema aceito por todos os Estados. Lá, a expectativa sempre se baseou em ter uma chance de alcançar o "sonho americano" através de direitos iguais e independência em relação ao governo central.


Veja — Mas o Estado do bem-estar social, no qual o governo oferece uma série de serviços sociais a seus cidadãos, ainda é viável?
Offe — O Estado do bem-estar social acabou. Nunca mais vai voltar. O que pode ocorrer é que um país garanta direitos a seus trabalhadores, como o seguro social e a educação, como forma de concorrer no mercado global. Em países como os da Escandinávia funciona assim: em vez de tentar produzir mão-de-obra barata, eles tentam ter trabalhadores com o máximo possível de especialização. Dessa forma, por mais que reclame do preço da mão-de-obra, uma companhia não tem como deixar o país porque não vai achar em outro lugar trabalhadores tão habilidosos. E essa capacidade só existe porque o Estado oferece condições adequadas de saúde e educação.


Veja — Na sua opinião, o Estado deve interferir na formação de mão-de-obra?
Offe — A idéia de que todas as pessoas devem ter emprego é algo muito recente na História, veio depois do movimento feminista. Mas hoje em dia não consigo imaginar nenhum país industrializado que tenha condições de ter pleno emprego por muito tempo. Os dois países que vivem essa situação são fruto de condições peculiares. A Holanda paga pensão para as mulheres só trabalharem meio período. Já os Estados Unidos reduziram as taxas de desemprego combatendo o crime, criando mais cargos de policiais, guardas penitenciários e seguranças particulares. Em nenhum outro lugar esses fenômenos se repetem.


Veja — Mas como a sociedade deve enfrentar o fato de que não há emprego para todos?
Offe — Os neotrabalhistas defendem o investimento na formação, como o exemplo que citei dos países escandinavos. Já os neoliberais acham que o importante é tornar o país mais competitivo, reduzir ao máximo os direitos sociais e acabar com o poder dos sindicatos. É uma revolução.


Veja — O senhor acha então que o neoliberalismo é um movimento revolucionário?
Offe — Sem dúvida. É uma corrente que tem base científica, formada na Universidade de Chicago, um desprezo enorme às instituições e regulamentações e pretende, assim como o comunismo planejou, formar um novo ser humano: um trabalhador rápido, eficiente e capaz de sobreviver num mundo competitivo. Por definição, o neoliberalismo quer um Estado que interfira quase nada na economia e, se possível, cobre pouco imposto.


Veja — Quais são as conseqüências de um Estado como esse?
Offe — Um Estado desses torna-se muito dependente dos investimentos privados e começa a fazer o que as empresas quiserem para não perder força econômica. Vira uma relação desigual, em que o mercado tem todas as fichas na mão. Em última instância, isso acaba afetando a confiança na democracia.


Veja — Como assim?
Offe — A democracia funciona bem apenas quando os cidadãos sentem que seu voto é útil, que ele decide os destinos de sua cidade ou país. Quando o governo é muito fraco, é normal as pessoas duvidarem da democracia. Elas se perguntam: para que serve a democracia se as decisões estão sendo tomadas em arenas em que o cidadão não tem influência? Por isso, o excesso de poder do mercado é ruim para a democracia. Na Austrália, por exemplo, uma empresa ganhou uma concessão para fazer uma rodovia na região de Melbourne. Em condições normais, em troca da concessão ela teria direito ao dinheiro arrecadado pelo pedágio. Só que ela recebeu, além disso, a garantia de que nos próximos trinta anos não será construído um metrô na região. As gerações futuras vão pagar pela satisfação do interesse de uma única empresa. É antidemocrático.


Veja — Mas as organizações supranacionais, como o Mercosul, também não têm uma participação direta da sociedade. Também não é antidemocrático que burocratas da União Européia decidam a receita da produção de queijo no interior na França?
Offe — Sim, com certeza essas organizações ainda têm um déficit de democracia. Na Europa, essa é uma das questões mais levantadas nas campanhas eleitorais tanto pelos partidos ditos de direita como pelos de esquerda.


Veja — O senhor acha que a crise nas bolsas de valores asiáticas é um exemplo desse excesso de poder do mercado? O senhor defende controles para a ação do mercado?
Offe — Em última instância, o controle sobre a ação do mercado é uma questão política que deve ser resolvida nas eleições de cada país. Mas é impossível saber como os países podem reagir a uma mudança brusca no mercado. Há uma interdependência muito grande entre os países nessas fugas de capitais que estão ocorrendo nas crises atuais. Por isso, a defesa de algum tipo de controle sobre as forças de mercado está crescendo em quase todos os países.


Veja — Na sua avaliação, o mundo continua balançando entre duas opções ideológicas?
Offe — De forma alguma. A era das ideologias acabou. Muitas pessoas em todo o mundo estão imaginando alternativas novas. No Brasil, por exemplo, há uma proposta muito interessante do senador Eduardo Suplicy. É o projeto da renda mínima, em que cada cidadão tem assegurado o direito constitucional de receber um mínimo para sobreviver.


Veja — Mas isso não cria uma dependência de milhares de pessoas sobre o Estado e, portanto, uma carga excessiva sobre os contribuintes?
Offe — Entendo que isso cria uma sensação de injustiça. Mas é isso que é pagamento de imposto num país democrático. Quem pode contribui para que a vida no país seja melhor. Muitas pessoas são contra um Estado grande não por motivos ideológicos, mas para pagar menos imposto. Mas feitas as contas essa é a preocupação de um grupo muito pequeno da sociedade.


Veja — Ninguém gosta de pagar imposto. Quem paga acha que o governo cobra demais. Quem sonega argumenta que o governo não faz o suficiente. Para quem, afinal, o Estado trabalha?
Offe — O grande problema na relação cidadão-governo é que, quando a pessoa compra uma camisa, ela sai com um produto na mão. Quando ela paga imposto não sabe para onde vai o dinheiro. Num governo ideal, o imposto seria destinado a assegurar a aposentadoria do pai desse consumidor ou ao financiamento de uma pesquisa científica. Mas, hoje em dia, mesmo os bons governos vivem com déficit nas suas contas e a cada ano mais imposto é usado para pagar juros e dívidas. Ou seja, fica cada vez mais difícil ver a relação entre imposto pago e serviço prestado.


Veja — O senhor disse que a era das ideologias terminou. Acha que o neoliberalismo tende a se enfraquecer como idéia e como prática?
Offe — De certa forma, sim. O neoliberalismo está perdendo a sua hegemonia intelectual. Discussões do Banco Mundial ou da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne alguns dos países mais ricos do mundo, têm repetidamente ressaltado a necessidade de se combater a pobreza.


Veja — Nas suas palestras, o senhor fala de um novo pacto social formado por Estado, mercado e comunidade. Como funciona essa tese?
Offe — Os problemas de um país não vão ser resolvidos apenas pela ação do Estado ou do mercado. É preciso um novo pacto, que ressalve o dever do Estado de dar condições básicas de cidadania, garanta a liberdade do mercado e da competição econômica e, para evitar o conflito entre esses dois interesses, permita a influência de entidades comunitárias. As organizações não governamentais, as igrejas, os movimentos profissionais como os Médicos sem Fronteira atuam como uma válvula de escape nas deficiências do Estado e do mercado. É a entidade de direitos civis que vai defender os interesses do cidadão junto à Justiça e ao Congresso. É a solidariedade de uma organização religiosa que vai ajudar muitos desempregados excluídos pelo mercado.


Veja — Por que o senhor confia tanto no poder das organizações comunitárias?
Offe — A família, os vizinhos, a comunidade em que cada um vive é a reserva moral da sociedade. É lá que o cidadão vai encontrar a solidariedade sem interesses. A origem histórica da ação política da comunidade vem das tradições da Igreja Católica, da visão liberal do filósofo francês Alexis de Tocqueville, que defendia a "arte cívica das organizações". É inegável o resultado positivo da ação comunitária. Nos últimos cinqüenta anos, o planeta mudou para melhor por causa dos movimentos pelos direitos civis, o feminismo, a luta pela preservação da natureza. Mas também há péssimos exemplos de ações comunitárias.


Veja — O senhor poderia dar exemplos?
Offe — O anti-semitismo na Alemanha nazista começou como uma ação comunitária para excluir os judeus da vida econômica e social do país. Hoje isso se repete nas ações contra os imigrantes africanos nos países ricos da Europa ou contra os latino-americanos nos Estados Unidos. As comunidades, por serem conduzidas por um grupo de interesses comuns, podem muito bem ser injustas, corporativas e egoístas. Por isso defendo um triângulo entre as três forças, sem a hegemonia de nenhum setor.

Falta de Estado estimula proliferação de ONGs sem capacidade, diz especialista

Publicado na Folha de S. Paulo - 01/06/08

DENISE MENCHEN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
A falta de uma presença forte do Estado na Amazônia abre espaço para a proliferação de ONGs, que, mesmo quando bem intencionadas, geralmente não têm capacidade técnica para atuar na resolução dos problemas da região. A avaliação é da pesquisadora brasileira Maria Guadalupe Moog Rodrigues, professora associada no College of the Holy Cross, dos EUA. Ela participou de seminário na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)."A falta de capacidade técnica fica mais evidente com a multiplicação das ONGs, que é um efeito da democracia, mas também do sucateamento do Estado", disse. Segundo ela, esse sucateamento, aliado ao despreparo da sociedade civil, é um dos motivos pelos quais as organizações estrangeiras têm ganhado importância na questão da preservação da floresta."Isso pode explicar por que os militares se sentem inseguros em relação à região e por que não há segurança em relação à exploração da biodiversidade", afirmou. A pesquisadora não vê, no entanto, ameaças à soberania nacional. Ela diz acreditar que as comunidades locais "sabem exatamente o que querem" e que as ONGs podem cumprir um papel importante no desenvolvimento sustentável da Amazônia.Segundo ela, hoje grande parte dos financiamentos internacionais para programas na Amazônia é condicionada à participação da sociedade civil. "O esforço deve ser não de alijá-las do processo, mas sim de fortalecê-las", disse.Isso poderia evitar, segundo ela, situações como a verificada com a implantação do PAIC (Programa de Apoio a Iniciativas Comunitárias) em Rondônia, nos anos 90. O programa previa o repasse de recursos obtidos junto ao Banco Mundial a organizações da sociedade civil. "Mas as ONGs não tiveram capacidade de responder."A pesquisadora destacou que a ex-ministra Marina Silva "era uma bandeira muito clara para o cenário internacional" da disposição do governo de preservar a Amazônia. Já Carlos Minc não tem essa identificação imediata com a floresta, o que pode gerar desconfiança no exterior.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

UE põe fim a sanções contra Cuba

Bloco europeu anuncia abertura de "diálogo incondicional" e afirma pretender encorajar abertura na ilha
Retaliações diplomáticas foram impostas em 2003; Espanha liderou defesa de negociações e enfrentou resistência de parceiros

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS - FSP - 20/06/08

A União Européia anunciou ontem o fim das sanções diplomáticas a Cuba, num gesto destinado a encorajar o dirigente Raúl Castro a acelerar a abertura política do país. A decisão, que encontrou resistência dentro do bloco, prevê a abertura de um diálogo político incondicional com o regime cubano, cujos resultados serão revistos dentro de um ano."Os ministros de Assuntos Exteriores dos 27 países [da UE] decidiram por unanimidade levantar definitivamente as medidas de 2003 e iniciar uma etapa de diálogo incondicional", disse o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, no primeiro dia da cúpula do Conselho Europeu.Assim como fez em 2003, na imposição do castigo em resposta à prisão de 75 dissidentes pelo regime cubano, e em 2005, quando as sanções foram suspensas, a Espanha tomou a frente do tema. O país era o maior defensor do fim das sanções -que, ao contrário do embargo americano, não incluíam boicote econômico, apenas restrições a viagens de autoridades européias a Cuba.As sanções já estavam suspensas há três anos, mas a decisão anunciada ontem tem um importante valor simbólico, apenas quatro meses após a saída de Fidel Castro do poder. "Vemos sinais animadores em Cuba", disse a comissária européia de Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner. "Queremos mostrar à população de Cuba que estamos prontos a trabalhar com eles."Discussão árduaAlcançar a unanimidade não foi tarefa simples. A dificuldade em falar com uma só voz em assuntos de política externa é um dos pontos fracos da UE, que o Tratado de Lisboa pretende corrigir. O caso de Cuba é mais um em que a diversidade de 27 visões de mundo tornou árdua a missão dos diplomatas.De um lado estavam países como a Espanha, que acreditam que o fim das sanções pode servir de incentivo para a abertura do regime cubano; de outro, os que o temiam um "apaziguamento" de uma ditadura.Antes do anúncio, o chanceler sueco, Carl Bildt, ressaltou a importância de que a UE não parecesse leniente com a repressão cubana. "Faremos exigências bem duras", disse.A declaração negociada ontem pede a libertação de todos os prisioneiros políticos, a ratificação das convenções de direitos humanos da ONU e o acesso de ativistas humanitários a prisões da ilha.O regime cubano exigia que as sanções fossem eliminadas antes de aceitar as ofertas de diálogo da UE. No documento aprovado ontem, os europeus defendem um diálogo incondicional, que inclua cooperação não só política mas econômica, científica e cultural. O bloco reconhece "as mudanças contínuas de liberalização" empreendidas por Raúl Castro.Por iniciativa da República Tcheca, um dos países mais resistentes ao fim das sanções, foi introduzido no texto um compromisso de que o diálogo com o governo cubano seja acompanhado de conversas com a oposição. Comentando a reação negativa dos EUA ontem, o chanceler espanhol rebateu: ""Pedimos respeito à política da UE, que tem autonomia e legitimidade suficientes para agir em uma região importante como é a América Latina".

terça-feira, 17 de junho de 2008

Lula vê "dedo sujo" de petróleo contra etanol

Presidente e FAO fazem duro ataque contra subsídios dos países ricos na conferência de segurança alimentar da ONU
Ele critica ainda a produção de etanol a partir de milho nos EUA, mas evita falar do aumento do desmatamento na região amazônica

CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A ROMA - FSP - 04/06/08

Ao fazer a defesa de sua obsessão, o etanol de cana-de-açúcar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ao ataque pesado contra empresas petrolíferas e contra o outro etanol, o do milho, produzido nos EUA."É com espanto que vejo tentativas de criar uma relação de causa e efeito entre os biocombustíveis e o aumento do preço dos alimentos. (...) Vejo com indignação que muitos dos dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão", disparou Lula em seu discurso na Cúpula sobre Segurança Alimentar, ontem inaugurada na sede romana da FAO, o braço da ONU para Alimentação e Agricultura.Lula já havia acusado as petroleiras de conspiração contra o etanol, em Lima, em outra cúpula, a da União Européia com América Latina e Caribe.Agora, sua crítica se dirigiu também ao etanol de milho: "É evidente que o etanol de milho só consegue competir com o etanol de cana quando é anabolizado por subsídios e protegido por barreiras tarifárias".Outro alvo de Lula foram os subsídios que o mundo rico dá a seus agricultores. "Outro fator decisivo para a alta dos alimentos é o intolerável protecionismo com que os países ricos cercam a sua agricultura, atrofiando e desorganizando a produção em outros países, especialmente os mais pobres".Mais: "Os subsídios criam dependência, desmantelam estruturas produtivas inteiras, geram fome e pobreza onde poderia haver prosperidade. Já passou da hora de eliminá-los".Jacques Diouf, o diretor-geral da FAO e anfitrião do encontro de Roma, concordou totalmente com o brasileiro. Em seu discurso inaugural, Diouf disse ser "incompreensível o fato de que subsídios da ordem de US$ 11 bilhões a US$ 12 bilhões foram usados para desviar 100 milhões de toneladas de cereais do consumo humano para satisfazer a sede dos veículos por combustível". O senegalês ressaltou o fato de que os países da OCDE (os 30 mais ricos do mundo) tenham gasto "US$ 372 bilhões só em 2006 para apoiar sua agricultura".Lula apresentou todos os dados que usa habitualmente para demonstrar que nem o Brasil devasta a Amazônia para produzir etanol nem os biocombustíveis substituem plantios para alimentação. Mas não tocou no desmatamento recorde da Amazônia, tema que provoca excitação imensa na Europa.Disse só que "99,7% da cana está a pelo menos 2.000 quilômetros da floresta amazônica. Isto é, a distância entre nossos canaviais e a Amazônia é a mesma que existe entre o Vaticano e o Kremlin".É uma boa imagem, mas a Folha ouviu de delegados europeus que, se aumenta a devastação na Amazônia, conforme a manchete dos principais jornais de ontem, importa menos a causa e mais o fato.

Uma nova era

Por Antonio Ermírio de Morais - Folha de São Paulo - 08/06/08

PELO QUE entendi das informações chegadas da reunião da FAO em Roma, as questões de energia e de alimentos ocuparam um lugar central. Não se chegou a condenar o uso da cana-de-açúcar e do milho como substitutos do petróleo. Mas tampouco houve grandes aplausos para esse tipo de substituição. Em um dos documentos oficiais, foi ressaltada a importância dos biocombustíveis. Em 2007, a biomassa contribuiu com 10% no total de energia consumida no mundo, sendo que, entre os biocombustíveis, o etanol teve peso de 90%. Para tanto, os Estados Unidos usaram 23% de sua safra de milho, e o Brasil utilizou 54% da sua safra de cana-de-açúcar. São números impressionantes e que suscitam dúvidas. Será que isso não vai comprometer a produção de alimentos? Até que ponto a atual alta de preços se liga à nova atividade? O assunto instiga discussões acaloradas. Ao que tudo indica, porém, com discussão ou sem discussão, o etanol será a grande estrela dos próximos anos. A própria FAO estima que esse combustível, que hoje é usado por apenas 1% do transporte rodoviário, em 2030 representará mais de 3% -e, dali para a frente, o céu é o limite. E então? Sobrarão terras para plantar alimentos? E a segurança alimentar? A FAO considera que a realidade dos países é muito heterogênea. No Brasil, por exemplo, os técnicos, em sua maioria, não acreditam que o etanol vá onerar os alimentos. Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, diz que, dos 62 milhões de hectares cultivados no Brasil, apenas 3 milhões se destinam à cana que produz etanol. A disponibilidade de terras é imensa. E a possibilidade da produtividade crescer ainda mais é muito grande com a chegada de novas variedades e novas tecnologias. Com tecnologia e terras, o Brasil está bem. Temos 220 milhões de hectares de pastagens, dos quais 90 milhões podem ser usados para agricultura. Destes, 22 milhões podem acomodar sem problemas a cana-de-açúcar e 68 milhões podem ser usados na produção de alimentos. Ou seja, o Brasil pode fazer um bom equilíbrio entre alimentos e bioenergia. É uma questão de planejamento bem-feito e de execução rigorosa. Mas, é claro, tudo tem de ser levado muito a sério. Estamos diante de uma oportunidade fantástica: a de sermos o principal país produtor na nova era energética. Com isso, criaremos muitos empregos e teremos muitos impostos e muitos investimentos. Tudo é muito. Oxalá o juízo também o seja!

A falácia do preço dos alimentos

Por RUBENS RICUPERO - Folha de São Paulo - 08/06/08

Os preços agrícolas e a renda rural ainda não se recuperaram plenamente da longa fase de colapso
É FALSO ou exagerado boa parte do que se alardeia sobre a alta do preço dos alimentos. Nos últimos dez meses, é fato que os preços subiram em termos nominais. Contudo, quando se comparam esses preços com a média histórica e se corrige o efeito da inflação, a realidade é bem diferente.Levando em conta o colapso no preço das commodities nos anos 1980 e 1990, José Antonio Ocampo, ex-subsecretário econômico da ONU, hoje na Universidade de Columbia, e Maria Ângela Parra publicaram artigo provando que a explosão é de preços minerais, e não agrícolas.Tomaram como base o período 1945-1980, fase de 35 anos de preços até um pouco abaixo da tendência histórica. Aplicaram depois, como deflator, o índice da ONU/Banco Mundial conhecido como Unidade de Valor de Manufaturas.Resultado: os números mostram explosão nos preços do petróleo e dos metais, sobretudo do cobre. Todos mais que dobraram, em termos reais, em relação à média de referência. O único ano em que os metais estiveram tão caros foi 1916, no meio da Primeira Guerra.Já os preços agrícolas apenas se recuperam do abismo em que se tinham precipitado nos anos 80, sem que ninguém vertesse lágrimas pelas perdas dos agricultores. A maioria dos produtos tropicais na verdade ainda se encontra longe de haver recomposto as perdas.Só existe um alimento de primeira necessidade com preço superior à média do pós-guerra. É o trigo, com índice de 189,7 (o índice 100 corresponde à fase 1945-1980). Os três outros produtos agrícolas acima de 100 são o óleo de palma (260,1), a banana (185) e a borracha (162,8). O Brasil não é grande exportador de nenhum: na banana, ocupamos posição marginal, e na borracha mal atingimos um terço das nossas necessidades. Uma segunda categoria é a dos alimentos que quase recuperaram o nível da média passada: o milho (95,7) e o arroz (78).Na pior classe, a dos preços ainda deprimidos, encontramos o cacau (60,9), o chá (58,7), o café (58), o algodão (43,5) e o açúcar (41). O fato de que o açúcar nem conseguiu chegar à metade de sua cotação histórica média põe por terra o argumento de pressão direta do álcool de cana sobre o preço de alimentos.Chega-se ao mesmo resultado pela evolução dos termos de intercâmbio, isto é, a relação entre preços de exportações e de importações. O último relatório da Cepal sobre a economia da América Latina, divulgado em dezembro de 2007, revela que os únicos países cujos termos de intercâmbio no ano passado melhoraram em 90%-100% acima dos de 2003 foram o Chile, exportador de cobre, e a Venezuela, de petróleo.As outras melhoras significativas foram todas de exportadores de minérios: Bolívia e Peru (40%-60%); Colômbia e Equador (acima de 25%). Os dois maiores exportadores agrícolas, Argentina e Brasil, tiveram melhora de 10% ou menos.Não é por acaso que Ocampo tenha sido diretor da Cepal e herdeiro do conselho de Raúl Prebisch: temos de olhar para os relatórios econômicos produzidos nos países ricos com espírito crítico e a partir da nossa realidade. Quem come da mão de americanos e europeus vê o que eles querem que vejamos.A realidade é outra: os preços agrícolas e a renda rural ainda não se recuperaram plenamente da longa fase de colapso, os produtos tropicais continuam deprimidos e a real explosão é a do petróleo e dos metais.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Em protesto na Paulista com mais de 100 ciclistas, vários ficam nus e um acaba detido

ROBERTO DE OLIVEIRA DA REVISTA DA FOLHA

A primeira edição do World Naked Bike Ride (na tradução livre, passeio mundial de ciclistas nus) em São Paulo terminou com a detenção do analista de sistemas André Pasqualini, 34, na avenida Paulista, ontem à tarde, depois que ele e cerca de outros 20 manifestantes tiraram a roupa. Ele foi liberado após um termo circunstanciado ter sido registrado.O evento já ocorre tradicionalmente em outras cidades do mundo, como Seattle, Vancouver e Auckland.Pasqualini foi detido quando tirou o tapa-sexo que usava. Logo em seguida, os pelados se vestiram.Segundo o major da PM Benjamin Francisco Neto, 45, os manifestantes tinham sido avisados que a nudez não seria permitida durante o evento por ato obsceno.O objetivo de pedalar sem roupa era chamar atenção para os direitos dos ciclistas e mostrar que eles se sentem nus, desprotegidos, quando têm de disputar espaço com os veículos nas ruas.A PM usou cassetetes e spray de pimenta contra os manifestantes. Pasqualini deverá se apresentar à Justiça. A pena para ato obsceno é prisão de três meses a um ano ou multa. A manifestação, que começou por volta das 14h na praça do Ciclista, na Paulista, iria dar uma volta na avenida e retornar à praça. Após a prisão, a manifestação foi interrompida e cerca de 120 ciclistas protestaram em frente à delegacia.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Entrevista - Alexandro Santin

Alexandro Santin tem 32 anos e é Gerente de Exportação da Saint-Gobain Vidros (que fabrica os marinex que você deve ter em casa). Graduado em Administração de Empresas com ênfase em Comércio Exterior pela Unip e Pós-Graduado em Negócios Internacionais pelo Mackenzie. Já visitou a trabalho 4 continentes e conhece países como EUA, Índia, Paquistão, Angola, Holanda...


FdM: Como foi que você escolheu fazer o curso que fez?
A.S.: Terminei a escola tarde, pois perdi 2 anos no colegial. Quando fiz 18 anos percebi que tinha que correr atrás do tempo perdido então resolvi fazer colegial técnico de noite para poder trabalhar durante o dia. Fiz colegial técnico em Adm. de Empresas e escolhi esse curso por que além de meu pai trabalhar a vida toda em empresas, as outras opções eram contabilidade, etc, coisas que não tinham nenhuma ligação comigo. Depois que acabei o colegial, tomei gosto por estudar e resolvi seguir os estudos universitários. Queria continuar na área de Adm de Empresas, mas como naquela época (1995) começava-se a falar muito sobre globalização, resolvi optar por Comércio Exterior. De carona, tive que entrar no curso de inglês.

FdM: Qual foi seu primeiro emprego na área e o que fazia?
A.S.: Meu 1º emprego na área foi através de estágio. Entrei numa multinacional americana e meu trabalho era cuidar da importação de peças de reposição que a empresa trazia dos EUA para manutenção de equipamentos industriais. Eu não conhecia nada de Comércio Exterior, foi uma baita escola, pois comecei a tratar com despachantes aduaneiros (são eles que lidam com os fiscais da receita federal nos portos e aeroportos), comecei a ter contatos com fornecedores fora do Brasil e comecei a colocar em prática meu inglês escrito e falado.

FdM: E daí como chegou onde está hoje?
A.S.: Trabalhei bastante. E sempre procurei me desenvolver e estabelecer planos (metas, horizontes, chame como quiser) de médio prazo. Por exemplo: eu era estagiário, então meu plano para os próximos 2 anos era ser efetivado na empresa. Depois da efetivação, comecei a estudar espanhol e meu plano dos próximos 2 anos era me tornar fluente em espanhol e viajar para o exterior pela 1ª vez. Depois disso, eu queria ser promovido e ir para área comercial, para poder começar a viajar. Foi o que aconteceu, arrumei um novo emprego para ganhar mais e que me deu bagagem suficiente para entrar na empresa em que estou hoje. Há 2 anos atrás, percebi que era hora de me atualizar na área acadêmica e que eu precisava ter mais um idioma para me destacar no mercado de trabalho. Entrei então no curso de pós e comecei a estudar francês. Terminei o curso da pós e hoje falo francês fluentemente (cometo alguns erros ainda e por isso estou ainda estudando), mas fiz isso pensando na próxima etapa profissional e deu certo: fui promovido a Gerente a partir de 1º Julho deste ano.

FdM: Conte como é sua rotina de trabalho (o que faz, que horas acorda, que roupa usa...)
A.S.: Minha rotina é um pouco monótona quando estou no Brasil: vou ao escritório todos os dias das 09:00 às 18:00. Para isso, tenho que acordar cedo, usar roupa social (gravata muitas vezes), etc. Passo o dia todo num ambiente fechado, trabalhando no computador e no telefone.

FdM: O que você mais gosta no seu trabalho? E o que mais se orgulha?
A.S.: Gosto da possibilidade de ter contato com pessoas do mundo todo. Tenho orgulho das viagens, de ter conhecido diferentes lugares, de ter contribuído e trocado experiências com diversas pessoas de diferentes culturas, crenças, etc. Orgulho-me também de vender produtos brasileiros no exterior, o que apesar das dificuldades culturais que os brasileiros têm de entender o mundo, nossos produtos são competitivos e de boa qualidade. A indústria brasileira é bem vista mundo afora.

FdM: O que você menos gosta no seu trabalho?
A.S.: Da rotina. É difícil também viajar para o mundo todo, conhecer gente e mercados distintos, depois retornar ao Brasil e ter que lidar com pessoas que não estão nem abertas nem dispostas a entender a complexidade do mundo globalizado em que vivemos.

FdM: E na Faculdade, o que mais gostava e o que menos gostava?
A.S.: Eu gostava de estudar coisas que, apesar de não estarem diretamente ligadas a minha área ou profissão, acrescentavam muito conhecimento para mim como: filosofia, psicologia, etc. São coisas que a gente não aprende na escola normalmente. O que eu menos gostava eram os números; sempre detestei matemática, física, química. Por fim, eu não gostava de professor ruim! Mas infelizmente, maus profissionais existem em todos os lugares.

FdM: O que um jovem que queira seguir uma carreira como a sua precisa ter?
A.S.: Na minha área é necessário ter no mínimo domínio dos idiomas inglês e espanhol.
No mercado de trabalho em geral, é necessário se atualizar constantemente para valorizar o currículo. Muitas vezes o que aprendemos na escola ou universidade parece repetitivo, mas no fim sempre agrega valor. E reforça o currículo, sem dúvida.




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