segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Entrevista - Victor Ramos

Victor Ramos 32 anos e é chefe de pauta do caderno Cotidiano da Folha de S. Paulo.
Formado em jornalismo na PUC-SP também fez 3 anos do curso de Direito, também na PUC.


FdM: Como foi que você escolheu fazer o curso que fez?

V.R.: Não houve exatamente uma escolha minha pelo jornalismo. A minha opção sempre foi pela área de humanas. Decidi fazer o curso de Jornalismo depois de ter abandonado o Direito. Achei que seria uma profissão que lida com texto e questões relacionadas à área de humanas, como o Direito, mas sem o formalismo deste. E só tive a certeza de que seguiria na carreira depois de arrumar um emprego “de verdade” na Folha, já aos 27 anos. De qualquer forma, o que causou meu interesse pela área foi o hábito de ler jornais. Por muito tempo, já trabalhando na Folha, me senti muito mais um leitor do jornal do que um “produtor” dele. A verdade é que um bom leitor de jornal tem uma boa chance de ser, também, um bom jornalista.

FdM: Qual foi seu primeiro emprego na área e o que fazia?

V.R.: Meu primeiro emprego em algo próximo do que se possa chamar de jornalismo foi na Santa TV, uma produtora. Lá eu pesquisava e escrevia para um site sobre cultura e futebol que pouco ficou no ar. Mas, como sabemos, cultura e futebol nunca são demais.

FdM: E daí como chegou onde está hoje?

V.R.: Depois de decidir tardiamente cursar Jornalismo, já com vinte e tantos anos, fiz a prova para entrar no programa de trainees da Folha. O programa ensina, durante 3 meses, como é o trabalho em um jornal diário, mais especificamente na Folha. Saí do programa e fui para a Redação, onde passei pelas editorias de Esporte, Agência e Cotidiano como repórter. Depois fui redator por cerca de um ano e meio. E, há pouco tempo, trabalho como chefe de pauta. Trabalho na Folha há quase 5 anos.

FdM: Conte como é sua rotina de trabalho (o que faz, que horas acorda, que roupa usa...)

V.R.: Vou começar a resposta pela roupa. Não há a necessidade de usar terno e gravata sempre. Para quem, como eu, não gosta de usar terno todos os dias, isso faz uma bela diferença. Minha rotina, hoje, é a seguinte: acordo por volta das 6:30 para saber o que aconteceu, via TVs, onlines, e pela Ronda da Folha, o que ocorreu na última madrugada. Por volta das 8 horas chego na Redação, para preparar a pauta do dia. Ou seja, começar a definir quais são as nossas principais apostas do dia, quais são as reportagens que têm maiores chances de ser a capa da edição do dia seguinte e as reportagens que irão para o alto das páginas internas. Durante o dia, tenho reuniões com a chefia do jornal e com a chefia da editoria de Cotidiano, onde as prioridades do dia são discutidas, para que se defina qual a abordagem deverá ser feita sobre cada tema. Os pedidos são encaminhados para os repórteres, com quem mantenho contato permanente para saber sobre o andamento das pautas.

FdM: O que você mais gosta no seu trabalho? E o que mais se orgulha?

V.R.: De colaborar com a produção de uma boa edição. Com matérias importantes para o dia a dia da cidade e que sejam, também, curiosas, boas de serem lidas.

FdM: O que você menos gosta no seu trabalho?

V.R.: É um trabalho que demanda muito tempo e muita energia. É da profissão a necessidade de trabalhar em alguns finais de semana, muitos feriados etc. E a pressão também costuma ser grande. Optar por essa carreira é também optar por isso.

FdM: E na Faculdade, o que mais gostava e o que menos gostava?

V.R.: Gostava principalmente dos cursos que apresentaram textos e livros importantes para o jornalismo. A parte prática eu achei fraca.

FdM: O que um jovem que queira seguir uma carreira como a sua precisa ter?

V.R.: Precisa ter gosto pela leitura. Jornalista tem que saber escrever. E tem que saber ler. Tem que ter gosto pela informação. Tem que saber se informar para poder informar os outros. Precisa ter responsabilidade, pois a publicação de uma informação tem reflexo na vida das pessoas. Precisa ter interesse pelos vários aspectos de um acontecimento. Se você for de esquerda, procure saber o que pensa a direita. E vice-versa. Quanto mais sólida for sua formação, mais consistente será a informação que você fará chegar ao público.



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